…comprou o livro “O artífice” para mim, mesmo avisado de que não poderia fazer isso.
A desculpa foi: “Comprei de segunda mão, na língua original e paguei mais barato do que a tradução brasileira, frete incluído.” Ai Amazon.
Casei com um homem que deve ter algum parentesco distante com o José Midlin, só falta o dinheiro.
Na verdade o problema tem outras raízes. Ele sempre gostou de ler. Está no sangue, dois antepassados no rol do cânon literário brasileiro. Brinco com meu filho dizendo que o pai gosta tanto, mas tanto de ler que seu apelido é Lê.
Uma vez visitamos um senhor suíço que tinha o mesmo vício, digo hábito. A casa dele tinha paredes repletas de estantes de livros em fila dupla. O carro ficava na rua porque a garagem estava cheia de livros. Os únicos lugares do apartamento onde os livros não ficavam eram a cozinha e o atelier da esposa. O mais impressionante é que ele sabia a localização de cada obra. Os olhos do Lê brilhavam, a boca conservou o sorriso bobo de quem gostou da idéia. Já fui avisando que aquilo era demais.
Hoje nossos livros estão se multiplicando, já estão em filas duplas nas estantes. Não sei onde se acasalam, é uma espécie muito discreta. Meu filho já tem uma biblioteca maior que algumas escolas de educação infantil.
Proibi meu marido de me dar livros de presente de aniversário e natal.
Mas de vez em quando ele me desobedece. Tudo bem, dessa vez passa.
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